Recordações de menina
Alguma vez vos aconteceu sentirem algum cheiro familiar onde é impossível esse cheiro estar? Sei lá, sentirem o cheiro a relva acabada de cortar quando estão na praia ou sentirem o cheiro a torradas acabadas de fazer quando estão na lavandaria? Quase como que um déjà vu do cheiro
Hoje aconteceu-me isso no caminho para o trabalho. Estava a conduzir, a meio caminho, quando me cheira a pão quente acabado de cozer. Estranho não é? Principalmente porque estava a passar por uma zona de fazendas e quintas agrícolas.
O que é certo é que o nosso cérebro é algo fabuloso e transportou-me de imediato para a minha infância. Para quando eu tinha uns 8 anos, talvez, e ia com os meus pais ao domingo de manhãzinha comprar pão ao ultimo padeiro de fabrico caseiro que havia na nossa zona.
O Sr fazia pão na arrecadação da casa dele - naquela altura não havia cá ASAE e éramos saudaveis e felizes mesmo assim - e ao domingo era dia de haver fila à porta do Sr para comprar o melhor pão das redondezas.
Lembro-me do Sr ter sempre um pacotinho de manteiga para quem quisesse tomar ali mesmo o pequeno almoço, enquanto o pão ainda estava quente. Lembro-me de a minha mãe trazer-nos sempre um bocadinho de pão, tão quente que mal o conseguíamos aguentar nas mãos sem nos "queimarmos". Lembro-me da minha felicidade com aquelas pequenas coisas.
Ao sentir o cheiro hoje de manhã, fui imediatamente transportada para essa época e as saudades foram imensas - as hormonas estão cá a fazer das suas, garanto-vos! - e, de repente, depois de já ter tomado o meu próprio pequeno almoço em casa, só me apetecia voltar a esse tempo e voltar a comer um bocadinho de pão quente com manteiga.