Aqui me confesso #44
Vocês ajudem-me a perceber uma coisa: Sou eu que sou uma mãe muito descontraída ou as outras mães de primeira viagem é que são zelosas demais?
Ora bem, tinha a Leonor um mês, salvo erro, quando fui a uma consulta de rotina no centro de saúde. Estávamos em pleno inverno, por isso ela ia dentro do ovinho toda embrulhada em roupa e numa manta. Por azar, uma ponta dessa manta estava a tocar no chão. Eu nem tinha reparado mas, felizmente, como neste mundo há muitas pessoas com "mil olhos" e que vêm tudo o que se passa à volta delas, uma Sra tocou-me no ombro:
- A manta da sua filha está a tocar no chão.
Eu olhei, constatei que a Sra tinha razão mas não fiz nada. Afinal era apenas uma ponta da manta que estava a tocar no chão. Ninguém a tinha pisado. Ninguém a tinha arrastado pelo chão. E eu não tinha colocado essa ponta em contacto directo com a menina. Nada de mal tinha acontecido. A ponta da manta estava apenas em contacto com o chão. Posto isso, na minha santa ingenuidade, virei-me para a Sra e disse apenas e só "Pois está.".
A Sra ficou muito indignada com a minha descontracção, como se eu estivesse a dizer que ia esfregar aquela ponta no chão e depois a iria enfiar na boca da criança. Ficou de tal forma aflita que me respondeu:
- Sabe que a sua filha é bebé? - Não deveria saber? Afinal fui eu que a tive! - Ela não tem defesas! E a manta dela está no chão!
Nisto a Leonor acordou e eu deixar de dar atenção ao "escândalo" da Sra para dar atenção à minha filha.
Depois, quando cheguei a casa, acabei por pôr a manta para lavar. Apenas por descargo de consciência, porque continuava a achar que aquilo tinha sido uma tempestade num copo de água.
Aqui à dias relembrei essa situação, quando fomos ao IKEA. Estávamos na parte da restauração quando na mesa em frente se sentou um casal e a mãe da rapariga. Com eles traziam um carrinho de bebé com um menino com cerca de um mês de idade, sensivelmente.
Assim que a rapariga constatou que a mãe dela estava devidamente bem sentada para poder segurar a criança no colo, colocou-lhe uma fralda de pano no ombro, uma manta nas mãos e, finalmente, o menino nos braços.
Visivelmente era o primeiro filho - e neto - daquela família. Por isso a mãe estava com todos os cuidados e mais alguns e a avó estava com toda a vontade e desejo de pegar no netinho ao colo.
Com tanto mexe e remexe, a fralda de pano caiu no chão. Mais uma vez ninguém a pisou, ninguém a arrastou pelo chão. Nada. A fralda simplesmente caiu no chão.
E aqui deu-se o maior escândalo que eu tinha visto por causa de uma fralda de pano:
- Mãe, deixaste a fralda cair!
- Caiu? Oh, nem dei por nada, dá cá que eu volto a coloca-la no ombro!
- Esta? Nem penses! Caiu no chão, não ouviste?!
- Que mal tem?
- Nem te vou responder! Espera que eu dou-te outra! Mas não a deixes cair no chão também porque eu não tenho mais nenhuma!
Agora pergunto eu: sou assim tão irresponsável - como aquela avó - por pensar que não haveria problema com a manta estar a tocar no chão - ou a fralda ter caído? Ou estas mães de hoje em dia andam com excesso de cuidados? Eu bem sei que o chão é pisado por milhentas pessoas e que os sapatos trazem lixo e germes e sei lá mais o quê. No entanto pecar por excesso de cuidados não fará termos crianças sem defesas por mais tempo que o normal?